top of page

Como nos conhecemos: Adrian Smith e Pat Cash

  • Foto do escritor: adrianfredericksmithfas
    adrianfredericksmithfas
  • 25 de jul. de 2016
  • 6 min de leitura

Tradução: Michelle.

Em 1997 o site independent entrevistou Adrian Smith e o ex-tenista Pat Cash confira:

O músico do metal Adrian Smith, nasceu no lado leste de Londres. Ele deixou a escola aos 15 anos e tocou com várias bandas, antes de se juntar ao Iron Maiden, em 1980, como guitarrista principal. Os próximos dez anos trouxeram seis turnês mundiais e um número enorme de singles. Mais tarde, ele formou sua própria banda, Psycho Motel. Ele mora em Buckinghamshire com sua esposa, Nathalie, e seus três filhos. O jogador de tênis australiano Pat Cash venceu em Wimbledon em 1987. Sua carreira como tenista se encerrou devido a uma lesão, e ele agora está em turnê com sua banda, The Wild Colonial Boys. Ele foi comentarista pela BBC no torneio de Wimbledon e, recentemente, fez sua estréia nas telas com The Dance of Shiva. Ele mora em Fulham com sua esposa, Emily, e seus gêmeos.

ADRIAN SMITH: A primeira vez que vi Pat foi há cerca de quinze anos, num pub em Sydney, quando o Iron Maiden estava lá em turnê. Eu não tinha ouvido falar dele como tenista até então. Ele estava no final da adolescência, um júnior promissor que começou competindo em torneios do circuito sênior. Mesmo assim, fiquei impressionado. Para mim, qualquer um com sotaque australiano e uma raquete nas mãos é muito legal. Ele veio nos conhecer com mais alguns tenistas jovens – meio tímido, muito alto. Eu tentei ser legal com todos aqueles garotos, porque nós nos consideramos uma banda acessível. Sem ter a intenção, comecei a seguir o progresso de Pat. Eu aparecia na TV em um hotel e lá estava ele, trabalhando seu caminho rumo ao rank. Então eu acabava o vendo sempre, na estrada; ele jogando partidas em cidades como New York, e nós nos encontrávamos. Pat costumava fazia questão de entrar em contato com nosso gerente de turnês para descobrir onde a banda iria tocar e conseguir acesso VIP para os shows. Mas foi só depois que me mudei de volta para Londres, alguns anos depois, que eu realmente consegui conhece-lo bem. Eu estava morando em Fulham, com minha esposa, esperando nosso primeiro filho. Eu estava colocando o carro na garagem um dia, e um cara veio andando em frente ao meu carro, mancando. Eu tomei um susto e olhei para ele. Ele parecia indignado. Era Pat, mudado e adulto. E ele estava morando bem ali, na esquina. A impressão que ele me passou foi que estava por conta própria e muito solitário. Ele tinha acabado de sair de um relacionamento longo. Eu estava gravando um álbum solo, então sugeri que ele viesse ao estúdio para batermos um papo. Eu o apresentei ao meu círculo de amigos, que eram músicos, e foi assim que começou. Uma vez que seu joelho se recuperou, ele me ligou e disse: “Estou no Queens Club, quer vir aqui?” Para um fã de tênis como eu, aquilo foi o máximo. Pat costumava me levar ao Wimbledon enquanto ainda estava competindo, e era ótimo assisti-lo jogar. Eu o vi vencer em 1987, mas também o vi perder. Em jogos de times, você pode dividir suas derrotas, mas no tênis é apenas você e o cara do outro lado – é fazer ou morrer. As perdas são sentidas de modo mais forte e eu confesso que nem sempre sabia o que dizer a ele nessas ocasiões. Eu sempre senti que Pat era sensível sobre essas coisas, e embora eu adorasse falar com ele sobre tênis o tempo todo, eu tentava não forçar o assunto. Pat fez a transição para comentarista muito bem. Definitivamente, há uma necessidade de jogadores que possam dar seus pontos de vista, e é fascinante ouvir os diferentes ângulos que eles tem do jogo. Boris Becker entra na cabeça dos jogadores e lê sua linguagem corporal. John McEnroe é tão emotivo quanto ele era quando jogava. Pat é muito técnico; ele sabe exatamente o que o cara fez de certo ou errado. Quando o vi no palco com uma guitarra, foi emocionante. Quando você está acostumado a ver alguém sendo friamente eficiente na quadra e de repente ele está no palco e dentro de seu mundo – é fascinante! Pat costumava ser inibido e inseguro. Agora, ele virou um ótimo showman, embora ele ainda não esteja tão solto quanto Pete Towns. Mas ele encontrou uma boa fórmula: se divertir, e mostrar à audiência que você está se divertindo. Eu acho que Paul se sente como se tivesse trabalhado duro em sua vida desde muito cedo, e que agora ganhou o direito de se divertir. Agora ele quer experimentar um pouco de tudo. Paul se acalmou um pouco com a maturidade. Ele costumava ser agitado, e com o temperamento de uma chaleira, discutindo com os juízes. Como um jogador no alto de sua habilidade ele podia ter vencido mais em Wimbledon. Suas lesões foram uma pena enorme. Ele tinha carisma em quadra. Mas paternidade e vida doméstica o centraram. Ele se tornou mais calmo e filosófico, com uma visão mais ampla.

PAT CASH: Nos encontramos pela primeira vez em Outubro de 1982. O Iron Maiden estava em turnê mundial, divulgando seu último álbum. Eu estava em Sydney, disputando um grande torneio. Eu estava começando a me sair bem no circuito, competindo ao lado de caras como McEnroe e Connors. Através de uma rádio local, ouvi que o Iron Maiden iria tocar, e eu tive que ir. Aos 18 anos eu era um grande fã do heavy metal britânico, então eu escondi um gravador de fitas no bolso da minha jaqueta de couro, para gravar o concerto para a posteridade. Eu me lembro de ter sido revistado na entrada, e alguém da gravadora apontou pra mim e disse: “Você não pode fazer isso.” Depois do show, eu consegui ir ao backstage com meus amigos para conhecer meus ídolos. Como qualquer outro garoto, eu estava interessado em quem fazia o design das capas dos álbum e quais os planos deles para o futuro. Ficou claro que tanto Steve Harris, o baixista, quanto Adrian se interessavam por tênis e jogavam bastante em seu tempo livre, e isso quebrou o gelo. Nós nos demos bem, uma vez q ue eles eram astros do rock em seus 20 anos. Nos encontramos novamente em Melbourne, onde eles iriam tocar, e eu ia jogar em um torneio. Eu vi três shows seguidos daquela vez e minhas orelhas zumbiram por uns sete dias depois. Foi uma admiração mútua que deu início a isso. Adrian tinha aquele cabelão enorme, que era marca registrada da época entre os músicos de rock, e eu tinha uma versão bem menor. Eu estava jogando pelo mundo todo no circuito de tênis nos anos 80, e o Iron Maiden estava constantemente em turnê. Continuávamos nos encontrando nas mesmas cidades. A primeira vez que encontrei com o Adrian no mesmo país foi em Londres. Sem saber, éramos praticamente vizinhos, ambos morando em Fulham. Eu me lembro de estar andando por aí, mancando por causa das minhas lesões, e passando em frente sua garagem enquanto ele manobrava o carro e quase me atropelando. O ar se encheu de tensão, nos dois cheios de indignação. Então, foi quando percebemos, “É o Adrian”, “Bom Deus, é o Pat”. Foi um encontro na hora certa para mim. Tinha acabado de me separar da minha namorada, Anne-Britt, e a solidão estava ainda pior por causa da lesão. Começamos a jogar sinuca. Então, Adrian estava gravando seu primeiro álbum solo, e eu tive permissão de ir ao estúdio e conhecer um novo círculo de pessoas. Eu conheci os músicos da minha banda, The Wild Colonial Boys, através do Adrian. Alguns deles são ex-membros do Iron Maiden. Nos anos mais recentes, eu passei muito tempo no Reino Unido, me recuperando das lesões e trabalhando em projetos. Nos reunimos com tanta frequência quanto churrascos de família. Nossos filhos se adoram e realmente se dão bem. Nós dois temos gêmeos. Adrian tem filhas, e eu tenho filhos. E nossas esposas são boas amigas; falando no telefone uma com a outra o tempo todo, organizando shows de rock para a caridade. Há uma similaridade entre o rock e o tênis. Você é jogado debaixo das luzes com milhares de pessoas assistindo a cada movimento seu, esperando que você se saia bem ou que caia de cara no chão. Viajamos pelo mundo fazendo isso, realizando nossos compromissos, e é uma vida um tanto solitária, sentindo saudades de nossas esposas. Adrian e eu estamos ambos em um estágio em que já nos divertimos com o status de celebridade, e agora queremos coisas diferentes. Adrian costumava estar sempre na farra, mas agora ele é quase um marido caseiro. Ele esteve no meio do tornado e saiu de lá mais sábio. Em um mundo ideal nós iriamos morar perto um do outro em algum lugar quente.

Comments


bottom of page